quinta-feira, 10 de maio de 2018

Universidadi Nhanha Bongolon


Historicamente, as universidades têm sido um local privilegiado de produção e transmissão de conhecimento, baseado num modelo de racionalidade científica totalitária, visto que negam o carácter racional das outras formas de conhecimento que não seguem os seus princípios epistemológicos e regras metodológicas.  

Atualmente, as universidades, mesmo as ditas africanas, que na prática funcionam como departamentos universitários ocidentais em África, têm reproduzido e preservado a colonialidade de poder e de saber. Colonialidade esta que tem garantido, por um lado, a dominação (política, econômica, militar, cultural e epistemológica) das potências ocidentais e, por outro, a miséria, a balcanização, o genocídio e a deseducação do povo africano que, até recentemente, se encontrava sob domínio colonial.

Ainda assim, mesmo dominadas pelo neoliberalismo e pelo racismo epistêmico, várias têm sido as formas de transgressão forjadas. Dentre elas podemos destacar as tentativas/pressões no sentido da descolonização dos curricula ou até mesmo das universidades, na forma como elas se apresentam.

Exemplos disso podem ser observados em várias campanhas populares protagonizadas por jovens na África do Sul, como o caso de #RhodesMustFall# ou numa universidade ganesa, onde se pressionou (e se conseguiu) pela retirada de uma estátua do líder indiano, Mahatma Gandhi. No nosso contexto, fora do muro universitário formal, espaços de discussão informal de conhecimentos como Djumbai Libertariu, Skola d’Afrika, Bantaba Umoja, entre outros, seguem essas tendências.

Contudo, não obstante estas tentativas e iniciativas, persistem dúvidas acerca de uma real descolonização das universidades e, consequentemente, da produção e promoção de conhecimentos, de modo a fazer surgir a valorização dos sistemas de conhecimentos africanos como pré-condição para alcançarmos definitivamente uma Renascença Africana.

Neste sentido, a Universidadi Nhanha Bongolon, surge com os seguintes objetivos:
  • Promoção de um espaço de diálogo e debate sobre assuntos locais, regionais e globais;
  • Produção de uma cultura de reflexão, experimentação e auto-consciencialização;
  • Criação de mecanismos de resgate de saberes e práticas potencialmente emancipatórios, desenvolvidos e experimentados tanto em Cabo Verde como no mundo africano global;
  • Construção de estratégias que visam o desenvolvimento de uma efetiva luta intelectual e epistemológica, enquanto ferramenta de resistência contra o processo de (re)colonização.