Projeto enquadrado no grupo de trabalho organizado pelo Kuletivu Nhanha Bongolon e financiado pelo programa MRI CODESRIA 2018/2019.
Resumo: Os protestos públicos pós-2008
marcaram uma nova era de contestação a nível mundial, uma vez que criaram movimentos
que ocuparam espaços não consolidados das estruturas e organizações sociais
contemporâneas, por um lado, e propuseram novas formas de organização política,
por outro. Cabo Verde não ficou indiferente a este processo e inaugurou novas
formas de protestos, criando possibilidades para uma participação cívica mais
ativa e (re)surgimentos nos maiores centros urbanos do país de movimentos
urbanos protagonizados sobretudo por jovens. Em termos contextuais, esta
proposta de pesquisa surge num momento em que as principais cidades cabo-verdianas
passam por processos de transformação urbana resultante de dinâmicas de revitalização
dos centros históricos e das zonas balneares que, embora enquadrada numa agenda
pública orientada pela ideia de “cidade para todos”, ela tem sido contestada
por alguns movimentos urbanos que acusam as instituições públicas e seus
parceiros internacionais de estarem a executar uma política neoliberal e neocolonial
de segregação urbana de alguns espaços e grupos sociais. Assim, é intuito deste
projeto responder a seguinte questão: o rap
cabo-verdiano enquanto expressão urbana de contestação social e política é
apenas uma agitação juvenil ou contém em si um movimento capaz de articular
lutas em nome de objetivos gerais contra as novas formas de dominação?